Meus amigos, meus amigos, que tempos são esses? Já faz quase dois anos que o Windows Vista foi lançado, e ainda vejo alguns desenvolvedores preocupados com a estabilidade, usabilidade ou algum outro possível problema que o Vista pode lhes causar. Já é difícil conceber isso em um usuário comum, mas desenvolvedores são pessoas de TI! Eles devem ser inovadores, olhar para a frente. Se os desenvolvedores não estiverem olhando para as novidades, olhando para o futuro, o futuro nunca vai chegar. E tem desenvolvedor vivendo ainda em 2001, que foi quando o Windows XP foi lançado. Sete anos atrás. Vocês são o primeiro canal de entrada das inovações no mercado!
Até entendo um pouco de receio no início do lançamento. Não estou dizendo que todos deviam instalar assim que foi lançado (eu fiz isso), mas dois anos… Eu só não instalo na minha máquina principal quando é beta, alfa, CTP. Para isso, todo mundo que me conhece ou acompanha o blog sabe, uso máquina virtuais. Tenho mais de 10 (e bastante espaço em disco, é verdade, mas vale a pena).
Ainda vejo desenvolvedores ansiosos por novidades, por ver o que melhorou, ver o que há de novo. Mas muitos andam receosos, com medo das novidades. Será que é porque há tantas? Já vi medo, além do Vista, também do .Net 3.5, do Office 2007, do ASP.Net MVC…
Estão todos caindo nas lorotas da Apple, que estereotipou, como bem diz a nova propaganda da Microsoft, o Windows e seus usuários.
Aí vejo coisas deste tipo:
Dá uma olhada como era no Windows 95:
O negócio tem 13 anos! E tem desenvolvedor usando assim, vivendo 13 anos no passado.
E os ribbons do Office:
Eu adoro! Melhorou muito a minha produtividade. Ok, levou alguns dias para acostumar. Mas foi isso: depois que esse pequeno período de adaptação passou, você não quer voltar ao velho menu File, Edit… E como tem desenvolvedor reclamando. Gente, usem o Lotus 123 ou Wordstar então, que tinha que fazer contorcionismo para colocar um acento.
(Mostrei o menu de Review do Word de propósito. É o que eu mais uso na edição da .Net Magazine, ajuda muito, todas as funcionalidades necessárias no mesmo lugar.)
Ano que vem o Windows 7 vai ser lançado, ao que tudo indica. E ainda vai ter desenvolvedor usando o XP. E o XP não é mais confiável, não é mais fácil de achar as coisas, não é mais bonito que o Vista. Ele perde em tudo para o Vista. Ok, é mais leve, mas a minha máquina aguenta. O Wal Mart está vendendo na sua recém lançada loja online PCs com Vista a partir de 599 reais, em 12 vezes de 49,92. Não tem o monitor e é um processador simples, mas é Windows Vista (SE, é verdade). E por R$ 999 você leva monitor, um dual core, e Vista Premium. Você não vai querer desenvolver com máquina sucateada, vai? PC é ferramenta de trabalho, se você não valorizar seu trabalho, ninguém vai. É igual táxi. O carro é ferramenta de trabalho, e todos que conheço preferem andar com um táxi Vectra do que um Corsa.
Tenho contato com muitos desenvolvedores diferentes nas consultorias que realizo. Não tenho como deixar de notar como a pessoa organiza sua área de trabalho. Um menu clássico no Vista (ou XP) diz muito sobre você. Diz que você não gosta de mudanças, ou não se adapta fácil. Não tenho como não pensar isso quando vejo esse tipo de coisa.
E reinstalações? Me lembro que depois de um tempo o Windows, até o XP, costumava começar a ficar mais lento. Registro sujo, fragmentação do registro, do HD, sei lá. Só sei que meu Vista tem quase dois anos e nunca precisei reinstalar. E a velocidade está igual. Já passei pelo service pack, upgrades de hardware, inúmeras atualizações de segurança, instalações e desinstalações de jogos, ferramentas de desenvolvimento, etc… Só para vocês terem uma idéia, meu diretório “Program Files” tem mais de 30 GB de software instalado.
E a máquina é rápida, muito rápida. Esse índice é o mesmo desde a instalação:
Já vi desenvolvedores que tiveram um pau no XP, e tiveram que reinstalar.
Falei:
– Já coloca o Vista!
Ele:
– Não, não, dá muito pau.
Dá mais seis meses o cidadão está fazendo outra instalação. E põe XP de novo. Não aprende. Não coloca o Vista por medo, mesmo com um monte de especialistas garantindo que é melhor. (Está certo que não é igual ao Linux, que, se você quer a versão nova do Firefox ou quer rodar o Flash com som tem que reinstalar todo o SO, recompilar o kernel, etc…)
Até à orientação à objetos tem gente resistente, e olha que o conceito é velho, hem. A pessoa programa procedural à tanto tempo e nunca aprendeu a programar com OO de verdade, que quando eu apresento fica inflexível. Fala que não precisa disso tudo, que é exagero fazer um modelo UML. A mesma coisa acontece com testes. Resistência, resistência, resistência. E inflexibilidade. Está aí uma ótima receita para não progredir na carreira.
Meus amigos, não sejam resistentes às novidades. Sejam criteriosos, mas olhem, experimentem, entendam. E se permitam um período de adaptação. Ou isso ou você vai viver em 1995.
E você, usa menu clássico ou o novo?
Giovanni Bassi
Arquiteto e desenvolvedor, agilista, escalador, provocador. É fundador e CSA da Lambda3. Programa porque gosta. Acredita que pessoas autogerenciadas funcionam melhor e por acreditar que heterarquia é mais eficiente que hierarquia. Foi reconhecido Microsoft MVP há mais de dez anos, dos mais de vinte que atua no mercado. Já palestrou sobre .NET, Rust, microsserviços, JavaScript, TypeScript, Ruby, Node.js, Frontend e Backend, Agile, etc, no Brasil, e no exterior. Liderou grupos de usuários em assuntos como arquitetura de software, Docker, e .NET.