Nesta quarta-feira terminou o segundo dia do Microsoft PDC. Tivemos mais um keynote, tocados pelo Steve Sinofsky, que dirige o Windows, e pelo Scott Gu, que cuida da divisão de desenvolvimento.
Os anúncios de hoje foram de impacto semelhante aos de ontem, mas sinto que me afetam mais, pelo menos no curto prazo. Principalmente os anúncios do Scott Gu. O astro dos anúncios foi, na minha opinião, o Silverlight 4, com beta disponibilizado hoje.
Mas tudo isso ficou em segundo plano após o Sinofsky exibir alguns notebooks, incluindo o notebook mais fino do mundo (que não é um Mac), e ao final levantar um Acer, falar um pouco sobre ele, e ao final anunciar que todos os participantes do PDC ganhariam um. Ficou com vontade? Venha pra cá no próximo ano, ou manda um e-mail pra Microsoft Brasil pedindo pra fazer isso no TechEd do ano que vem. (Só lembra que isso vai dobrar o valor da entrada! 🙂 ) As specs do note estão aqui. É uma máquina razoável e o mais legal é que ela possui multitouch, e é um tablet. Olha o note:
O Sinofsky mostrou também um laptop-servidor. Sim, isso existe. Era uma máquina razoavelmente grande e larga. A máquina realizava 700 Gigaflops (10^9 flops) por segundo, e fazia uns cálculos impressionantes.
O keynote do Sinofsky foi muito legal. Ele passou boa parte do tempo mostrando alguns fatos do desenvolvimento do Windows, como por exemplo o fato de que o Windows tem quase dez vezes mais pontos de qualidade que um foguete da Nasa. Mostrou ainda os dados de telemetria que a Microsoft obtém durante as fases pré-RTM do Windows, entre outras informações.
Foi muito legal quando ele mostrou ainda que a Microsoft ouve os clientes, ao contrário do que muitos críticos do Windows Vista diziam. Algumas pesquisas de usabilidade foram exibidas, e muito boas. Em uma delas era mostrado o AeroShake, e o usuário para para aplaudir o desenolvedor. Muito legal.
The Gu mostrou, logo no começo, o IE9. Está em 32% no Acid 3, algo ainda muito atrás do 93% do Firefox, ou 100% do Chrome (ainda que com falhas na imagem). Mas já é um grande avanço comparando com o IE 8, que tirava 20%. Esse avanço de 12%, segundo eles, foi obtido em apenas 3 semanas de desenvolvimento. Se continuar assim, em menos de dois meses eles revolvem o resto! E na questão de performance, estão alcançando o Firefox e o Chrome. Se eles conseguirem entregar tudo o que prometem, vai ser ótimo. Eu só quero ver o IE abrir uma abra instantaneamente. Seria o mínimo.
E finalmente caímos no Silverlight. O Scott Gu chamou então o Scott Hanslman para mostrar algumas novidades do Silverlight, e ele mostrou, mas mostrou também um milhão de outras coisinhas. Foi uma demo bem interessante, como costumam ser as demos do Hanselman;
O Scott Gu continuou mostrando o SketchFlow, uma bruta ferramenta legal para quem prototipa aplicações (ainda posto sobre ela por aqui). Depois anunciou a disponibilidade imediata do Beta da v4 do Silverlight, algo totalmente inesperado. A versão 4 fica pronta no primeiro semestre de 2010, ou seja, menos de dez meses da última versão do Silverlight 3, lançada em Setembro.
Na versão 4 eles atenderam 9 dos 10 maiores pedidos da comunidade e do mercado para o Silverlight. Eu mesmo vi várias coisinhas que sinto que faltava, mas que agora eles resolveram. Entre elas, suporte a comandos, algo que só existia 100% no WPF e vai facilitar o uso de MVVM, suporte à impressão, e à captura de webcam, e, finalmente, full trust, desde que autorizado e rodando fora do navegador. E agora também poderemos referenciar assemblies que não foram feitos em Silverlight, em um projeto Silverlight. Eu nem imagino como eles resolveram isso, mas dizem eles que resolveram, e que funciona. Vai ajudar imensamente os desenvolvedores de Silverlight. Não bastasse isso tudo, o Silverlight 4 está com o dobro da velocidade, e iniciando 30% mais rápido.
Agora também será possível colocar HTML dentro do Siverlight, incluindo Flash. Quer rodar Flash? Roda dentro do Silverlight. O Scott Gu fez isso, rodou um vídeo do Youtube dentro do Silverlight, e o cortou em um quebra cabeça, com o vídeo ainda tocando.
O auditório aplaudiu efusivamente diversas vezes, durante a palestra de Silverlight. Foram palmas atrás de palmas. Silverlight está ficando tão poderoso, que está começando a ter muitas áreas em comum com o WPF. Entrevistei mais tarde o Brian Goldfarb, diretor responsável pelo Silverlight na Microsoft, sobre como resolver esse conflito, e ele disse não haver conflito. Mas isso vou colocar em detalhes no artigo da .Net Magazine que estou escrevendo sobre o PDC, porque a entrevista foi longa e divertida. Olha o Brian aqui, ajudando no keynote de hoje:
E isso fecha as partes interessantes do keynote. Foram mais de 10 mil tweets sobre o PDC só no horário do keynote.
Depois disso fui à palestra de Silverlight 4, onde percebi que implementar drag ‘n drop, webcam, e impressão é muiito simples, coisas de apenas algumas linhas. Vai valer muito a pena, e está simples.
Vi também uma palestra de Workflow Foundation 4. Vi pontos de uso muito interessantes, mas não me convenci a usar em todo lugar. Mas onde a extensibilidade é o foco, WF manda muito bem.
No meio da tarde houve uma sessão de birds of a feather sobre Open Source. Título: “Is Open Source old news?”, ou seja, “Open source não é mais novidade?”. A sessão, que na prática é um bate papo, contou com a Sara Ford, que toca o Codeplex, o Miguel De Icaza, que toca o Mono, e é conhecido pelos projetos Open Souce que já participou, como o GNome, e diversos outros. No meio da discussão alguém pergunta qual o problema de o Java agora ser da Oracle, e isso deixa o Miguel super irritado, que diz que a pergunta é de troll, e que o Java é free, e que ninguém é dono dele, e já emenda: “Próxima pergunta!” Não foi muito educado. Depois disso aconteceu uma discussão onde a Sara Ford perguntou se deveriam ser excluídos projetos inativos, e o Miguel ficou revoltado de novo, dizendo que era um absurdo ela deletar conhecimento humano. A Sara estava claramente indecisa. Eles ficaram de continuar a discussão via blog, ele no dele, ela no dela. A discussão promete.
Em outro tópico, eu perguntei como incentivar uma empresa que vive da venda de licenças a abrir o seu código, e se isso não poderia levá-la à falência. O Miguel começou dizendo que a empresa não deveria abrir seu código, que devia vender de software proprietário, se já fazia isso direito. Ele disse que é muito difícil ganhar dinheiro com Open Source, e que praticamente todos fazem software livre por ideologia. Praticamente todos concordaram. Uma pessoa ainda colocou que fazia por puro ego, já que gostava de mostrar como era inteligente, e outra deu uma sugestão de abrir o código somente para quem se comprometesse a contribuir, um modelo diferente e interessante. Pra variar, como em várias discussões sobre OSS, no final terminou-se falando de licença de software, ou seja, tédio total.
Eu gravei toda a sessão no meu celular, depois vou ver se o áudio ficou decente. Se ficou, depois eu posto aqui.
À noite aconteceu o ask the experts, que incluía cerveja, vinho, e comida de vários tipos. E vejam a capacidade de adaptação do programador norte americano:
E logo depois do ATE, aconteceu o GeekFest, que será outro post, publicado em seguida.
Nesta quinta temos o terceiro e último dia do PDC. Vou postar amanhã à noite ou sexta pela manhã (daqui) minhas impressõees. E depois vou postar também sobre outras coisinhas interessantes que vi no PDC e quero contar pra vocês. Fiquem ligados.
Giovanni Bassi
Arquiteto e desenvolvedor, agilista, escalador, provocador. É fundador e CSA da Lambda3. Programa porque gosta. Acredita que pessoas autogerenciadas funcionam melhor e por acreditar que heterarquia é mais eficiente que hierarquia. Foi reconhecido Microsoft MVP há mais de dez anos, dos mais de vinte que atua no mercado. Já palestrou sobre .NET, Rust, microsserviços, JavaScript, TypeScript, Ruby, Node.js, Frontend e Backend, Agile, etc, no Brasil, e no exterior. Liderou grupos de usuários em assuntos como arquitetura de software, Docker, e .NET.