Falei três meses atrás sobre como nosso atual sistema de remuneração e incentivos é ruim para a industria, e como ele incentiva o funcionário a baixar a qualidade e não se preocupar com os resultados do seu trabalho. Essa tirinha exemplifica boa parte daquele post:
O que é medido é entregue. No caso da tirinha acima, a empresa mede bugs encontrados. Por esse motivo os funcionários passam a atuar sobre esta métrica, inclusive encontrando maneiras de inflá-la.
Ficou pendente encontrar alternativas, e muitos de vocês me cobraram alternativa. Eu continuo estudando o assunto, e estou quase terminando o livro “Measuring and Managing Performance in Organizations” de Robert Austin. Conforme dito na introdução, esse libro é importante para qualquer pessoa que gerencia qualquer coisa. Não tenho como expressar o suficiente, esse livro é muito importante. Ainda não terminei e é sem dúvida um dos melhores livros que já li.
Vou tentar trazer pra vocês algumas conclusões do livro nos próximos posts. Não há condições de reunir tudo em um único post, ou ainda de cobrir o livro todo.
Em poucas palavras, o modelo exposto no livro mostra 3 atores: o empregador (principal), o funcionário (agente), e o cliente. As premissas sobre as quais Mr. Austin baseia estes três personagens são muito interessantes: o empregador quer aumentar seu lucro, e fazer isso pagando o mínimo possível. O funcionário preferia não trabalhar, e se tiver que trabalhar quer ser pago, e por isso quer maximizar o seu pagamento, minimizando a quantidade de trabalho. O cliente quer o maior valor possível, com o menor custo possível, e o empregado, já que tem que trabalhar pra receber, gostaria de focar o trabalho em algo que satisfizesse o cliente.
Se essas premissas refletem o mundo real é até discutível, mas pare pra pensar: você trabalharia de graça? O empregador quer diminuir seu lucro? Normalmente não. Vamos com elas então. Mais pra frente vamos revisá-las, e se você quiser entendê-las melhor, compre o livro. De qualquer forma, é muito claro que o empregador e o funcionário tem objetivos claramente opostos: o empregador que o funcionário trabalhe duro, enquanto ele quer trabalhar o mínimo possível, e o empregador vai pagar o mínimo para que o funcionário faça o trabalho.
Giovanni Bassi
Arquiteto e desenvolvedor, agilista, escalador, provocador. É fundador e CSA da Lambda3. Programa porque gosta. Acredita que pessoas autogerenciadas funcionam melhor e por acreditar que heterarquia é mais eficiente que hierarquia. Foi reconhecido Microsoft MVP há mais de dez anos, dos mais de vinte que atua no mercado. Já palestrou sobre .NET, Rust, microsserviços, JavaScript, TypeScript, Ruby, Node.js, Frontend e Backend, Agile, etc, no Brasil, e no exterior. Liderou grupos de usuários em assuntos como arquitetura de software, Docker, e .NET.