Hoje é quarta-feira, dia de Nossa Senhora, e dia das crianças. Nada mais válido do que um post off-topic, tocando num assunto pseudo-meta-para-importante: a importância do dinheiro na sua vida.

Seria difícil eu debater com vocês sobre a importância do dinheiro. Dinheiro é importante. Ponto final. Mas assim como nossos velhinhos do manifesto ágil, eu acho que podemos colocar alguns valores como mais importantes do que dinheiro, sem tirar sua importância, mas colocando-o em seguida de tais outros valores.

Adianto então que, como diz o título deste post, dinheiro é consequência. Consequência de um trabalho bem feito, de clientes satisfeitos, de valor entregue. Fazendo isso, e assumindo que não estamos no meio de um apocalipse financeiro, dinheiro sempre há, principalmente na nossa área.

Já que dinheiro sempre há, e satisfizemos nossas necessidades básicas de sobrevivência e proteção, podemos ir além. Além do dinheiro, há muitas coisas.

Usarei da minha experiência para explicar. Como vocês já sabem, eu não prego o que não pratico, então nada mais justo do que contar um pouco da minha visão concreta, caucada na realidade que vivi e vivo.

Há muitos anos eu abandonei o trabalho corporativo. Entenda por isso aquele trabalho padrão onde esperam que você esteja na empresa em determinado horário, cumpra determinada função, e em troca disso receba um salário. Primeiro porque há 10 anos eu abandonei uma empresa tradicional e minha carteira assinada e fui trabalhar com consultoria. Fiz muita consultoria de verdade, não tinha rotina o tempo todo, e tive espaço pra desenvolver minha veia empreendedora, assim como perceber que eu era capaz de gerar valor real (ainda que menos que hoje, dada minha natureza não ágil naquela época).

Segundo porque em seguida dei um passo a mais, e fui viver de consultoria sozinho, sem uma empresa por trás, vendendo meu trabalho diretamente aos clientes.

E terceiro porque agora há a Lambda3, onde coloco em prática de forma coletiva o que aprendi sozinho, junto a outras mentes que julgo brilhantes, e que completam as grandes lacunas que ainda faltam na minha própria mente.

Em nenhum momento eu fiquei sem dinheiro. E a cada passo, conforme eu ia de CLT para consultor, para consultor independente, para parte de uma empresa democrática, eu me sentia mais livre. Hoje vivo a alegria de fazer plenamente o que gosto, de não “trabalhar”, mas estar constantemente num hobby. Meu maior stress profissional hoje é decidir como será o sofá que colocaremos na sala do videogame da Lambda3. O resto é pura diversão.

Eu estou escrendo isso para que você, meu nobre leitor, entenda, se ainda não entendeu, que o mundo é maior que o cubículo/jaulinha que as empresas insistem em tentar nos colocar. É possível ser feliz e ganhar dinheiro como consequência desta felicidade. A maioria de nós foi trabalhar com programação porque gostava, e a minha grande novidade pra você é te contar que você pode ser feliz, ganhar dinheiro, e programar, criar e se divertir.

É possível não perder o tempo da sua vida, que passa rápido e como diz o Pink Floyd em “Time”, a cada por do sol te aproxima da morte:

“And you run and you run to catch up with the sun, but it’s sinking
Racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way, but you’re older
Shorter of breath and one day closer to death”

Cansei de ver pessoas perseguindo dinheiro, devotando a carreira e a vida a uma posição melhor, que pagasse mais ou que permitisse mais poder. É uma busca triste, e hoje olho pra essas pessoas com tristeza. Nada paga a satisfação de fazer o que você gosta, e ainda assim encontrar sua família, escolher seus horários, manter sua saúde… Coisas tão simples que fazem toda a diferença. Por outro lado, a situação mais comum que vejo nos doentes por poder e dinheiro é que a família não se importa mais com ele, a família passou.

Valorize sua verdadeira vocação e uma vida equilibrada, aproveite o pouco tempo que tem, divirta-se no trabalho, em família, com os amigos e sozinho. E não coloque dinheiro ou poder como meta.

Estes não são só valores meus, mas são também da Lambda3 como um todo. E eu me sinto bem por fazer parte de um grupo que me entende. E não estamos sós. Há muitos lugares bons para se trabalhar. E eles buscam pessoas diferentes, que entendam essas questões.

Lembre-se que dinheiro é consequência. E bom feriado!

Giovanni Bassi

Arquiteto e desenvolvedor, agilista, escalador, provocador. É fundador e CSA da Lambda3. Programa porque gosta. Acredita que pessoas autogerenciadas funcionam melhor e por acreditar que heterarquia é mais eficiente que hierarquia. Foi reconhecido Microsoft MVP há mais de dez anos, dos mais de vinte que atua no mercado. Já palestrou sobre .NET, Rust, microsserviços, JavaScript, TypeScript, Ruby, Node.js, Frontend e Backend, Agile, etc, no Brasil, e no exterior. Liderou grupos de usuários em assuntos como arquitetura de software, Docker, e .NET.