Há um bom tempo estou preparando minha ida para o Canadá, e nos últimos meses decidi que não queria começar a trabalhar em nenhum lugar para evitar problemas, não gosto de sair no meio de projetos, não estava a fim de pegar freelas e nenhuma empresa padrão me contrataria. Ainda bem que há empresas que pensam diferente e eu tenho amigos na maioria delas 🙂 Entre elas a mais diferente é a Lambda3.
Quem me conhece sabe que nos últimos anos só tenho trabalhado com Ruby on Rails e Linux, e a Lambda é conhecida por trabalhar muito com tecnologias Microsoft, inclusive tem 4 MVPs entre os sócios, mas eles também trabalham com outras ferramentas, em especial Rails, e essa parte é feita pelo Victor Hugo Germano e o Raphael Molesim, além de ter uma presença ocasional do Victor Arias e até do Giovanni Bassi. Eles me ofereceram uma posição temporária, para ajudar num projeto que estava em andamento e colaborar com a expansão do uso de Rails na empresa. No meu caso isso significa usar Rails 3, Coffescript, Mongo, Rspec, sempre com muito BDD e testes no verde o tempo todo. Quem dera todo lugar fizesse isso 🙂
Foram 2 meses tranquilos, trabalhando num projeto legal com meus amigos, aprendendo coisas novas (como MongoDB e Coffeescript) e ensinando alguns truques, mas o mais legal não foi a parte técnica, e sim a convivência numa empresa que pensa e age de maneira diferente. Aqui o importante são as pessoas e suas interações, não nas ferramentas e processos, e isso não está escrito em um quadro na parede, mas é vivido nas ações das pessoas. Todo mundo aqui trabalha por que gosta e com o que gosta, e uma coisa que é bem diferente aqui é a transparência nas discussões e decisões da empresa.
Todo mundo pode participar de todas as reuniões, inclusive das financeiras, e todas as decisões são tomadas em conjunto e discutidas, desde que tipo de projeto aceitar até mudanças estratégias. Não há gerentes ou chefes, as pessoas decidem que projetos querem tocar, que ferramentas querem utilizar e são responsáveis por todo o processo, desde o fechar o acordo comercial até fazer a análise, implementar, dar suporte, fazer follow-ups, etc. Obviamente as pessoas não trabalham sozinhas, todos se ajudam e colaboram, mas quem cuida do projeto é quem está interessado nele.
Para completar, nem tudo é trabalho, aliás há muito espaço para fazer coisas diferentes. Várias pessoas vêm trabalhar de bicicleta, alguns tem bicicletas dobráveis e a cada dia que passa mais gente quer aderir à prática. Várias vezes por semana tem quem vá escalar, fazer passeio de bike, ir ao cinema ou qualquer coisa do tipo. Hobbies e exercícios são incentivados, sem entrar numa ditadura da vida saudável.
Até a hora do almoço é diferente, raramente repetimos um restaurante, as vezes vamos comer pasteis na feira livre ou encarar comida indiana vegetariana. Como ser saudável cansa, sempre tem cerveja na geladeira, e é normal o povo abrir uma no fim da tarde, sem que isso seja visto como pouco profissional. Também tem um x-box e um monte de jogos, inclusive uma banda completa de Rockband, pertinho da máquina de café, do pote de bolachas e frutas. As vezes nos sentamos para tomar café e conversar, falar besteira e dar risada, a vida aqui é ótima.
Quer dizer que a Lambda3 é um paraíso? Todos concordam com tudo e não há discussões? Pelo contrário, há muitos debates, as pessoas discordam e argumentam, as vezes por questões técnicas, as vezes por diferenças filosóficas, mas no fim das contas chega-se a um consenso ou alguma decisão é acatada, o único lugar onde buy-in não é só um jargão da equipe de marketing. Tudo é tão transparente que assusta um pouco 🙂 Demora um pouco para se acostumar, mas acho que foi uma das melhores experiências que já tive, e certamente irá mudar o modo como trabalharei nos próximos anos, vou sentir falta daqui.
Aproveitando, a Lambda3 está contratando 🙂 Quem estiver interessado em conversar com o pessoal mande um e-mail para [email protected], ou apareça nos dojos mensais.
Rafael Rosa Fu