Olá pessoal tudo bem? Estamos de volta com mais um assunto sobre o SharePoint Framework. No post “SharePoint Framework em um futuro próximo”  debatemos um pouco a respeito sobre a visão do futuro de desenvolvimento na plataforma SharePoint e também como preparar o ambiente para desenvolver e testar as Clients Web Parts.

Nesse post iremos entender um pouco mais sobre o código por trás de nossa web part gerada pelo YeoMan.

Então vamos ao visual studio code

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Estrutura do Projeto

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Há algo diferente, para nós desenvolvedores SharePoint, vamos avaliar alguns pontos importantes:

  • Encontramos uma quantidade maior de novos arquivos. Acredito que é a nova forma de arquivos “manifest” de uma web part e que nele há entradas de configurações, equivalente ao antigo .webpart.
  • Como podemos ver a estrutura do projeto é bem diferente. Por exemplo o diretório “src”contém o código raiz, há também o “config” que contém nossos principais arquivos de configuração e outros diretórios que iremos debater a respeito logo mais.
  • O código é em TypeScript. Arquivos com a extensão .ts, então haverá uma tarefa de compilação / transcrição para JavaScript.

Com algumas análises que venho fazendo, eu coloquei algumas questões técnicas necessárias para começarmos a aprender sobre esse novo modelo de desenvolvimento, como percebemos é uma “Stack Front-End”:

  1. Os conceitos de desenvolvimento de Web Parts estão mais focados em ferramentas e linguagens client-side  então precisamos nos aproximar delas.
  2. É client-side –  vamos dar as boas vindas ao paraíso do JavaScript. Os arquivos de configuração são no formato JSON e os códigos são implementados em JavaScript.
  3. Não há particularidade entre os frameworks JavaScript que necessitam ser utilizados – Podemos usar o React, Angular, Knockout e qualquer outro. Algo que devemos levar em consideração em uma escolha de framework “javascript” é que o React já é utilizado em alguns componentes do SharePoint Framework, por tanto esta escolha  pode reduzir quantidades de arquivos que sejam necessários para publicar a web part no SharePoint.
  4. Precisamos aprender TypeScript – pelo menos as principais características,  principalmente o conceito de módulos, as construções de classes, forma e tipagem de variáveis utilizadas e entre outros conceitos básicos.
  5. Não será necessário codificar utilizando o Visual Studio – escolha qualquer outro, editor de código, que atenda as suas necessidades de funcionalidades para você trabalhar. Particularmente, vejo que o Visual Studio Code já atende as minhas reais necessidades.
  6. A forma de empacotar e disponibilizar a web part é bem diferente – Como verificamos que a um novo formato de arquivo “manifesto”, assim como as configurações de empacotar a solução “package-solution.json”,  os bundles realizados através do “bundle.json”, configuração de disponibilizar a web part através do CDN “upload-cdn.json” e não podemos deixar a importância das tarefas gerenciadas pelo GULP que irá utilizar essas informações para testar e empacotar nossa solução.
  7. Precisamos entender o conceito de WebHooks – agora temos os chamados SharePoint WebHooks, uma nova forma de trabalhar com os “events receivers”. É uma tendência dos novos padrões web.
  8. A forma de desenvolvimento local é diferente – não necessita de uma aplicação rodando no IIS pois quem faz esse trabalho para realizar o host dos arquivos em conjunto com as tarefas do Gulp é tudo realizado através do NodeJS.
  9. Os arquivos da Web Part ou do App serão suportados em qualquer host – pois eles não precisam ser publicados diretamente no SharePoint, para isso pode-se utilizar o CDN  (Content Delivery Network), ou seja, só a necessidade de aplicar a URL onde esta o JS distribuído.
  10. Segurança é essencial para os processos realizados na página – pois usuários tem acesso a informações da página e assim tenha acesso a informações confidencias da Web Part, como uma configuração de conexão com serviços externos e acesso a qualquer outra informação relevante que não deve ser comprometida.

Uma das primeiras pergunta que veio em mente e acredito que nossos leitores irão fazer é: Será que é realmente necessários dominar o TypeScript e só usar ele?

Dei uma pesquisada no Office Dev Center e lá a equipe de desenvolvimento informa que não é uma regra em utilizar o TypeScript, mas que nesta fase de preview eles recomendam a sua utilização. Pelo que discutimos é que o framework foi inscrito com o TypeScript, pois é uma linguagem que permite escrever de forma mais clara e tipada para expor objetos da melhor forma, pois a maioria dos desenvolvedores que irão  utilizar essa nova base de desenvolvimento vieram de uma linguagem orientada a objeto. Francamente, é  fácil codificar em TypeScript e não vejo o porque se preocupar com o que há por baixo e saber como ele compila em JavaScript, deixe que a mágica ocorra.

Estrutura de pastas

Pastas Visão Geral
src É o local onde será feito a maior parte do trabalho de desenvolvimento, onde os códigos serão editados e adicionados.
lib Possui os arquivos de código que foram “processados” e estarão pronto para serem distribuídos. Perceba que os arquivos foram compilados para linguagens como CSS e JavaScript
dist Contém os arquivos que serão distribuídos. Observa-se que nesta pasta contém a compilação do bundle.js
config Como o próprio nome é onde contém um conjunto de arquivos de configuração no formato JSON que contém informações para as ferramentas realizarem seus processos de build.
node_modules Pasta que contém todos os módulos nativos do NodeJS que serão utilizados pelo SharePoint Framework.
typings Contém os arquivos de definições de tipos para Typescript

Vamos começar nossas análises a partir da pasta “SRC”

Nossos maiores momentos de estudos irão ser focados nesta pasta, pois é onde iremos encontrar o código de nossa web part.

Falando sobre “web parts”, sabemos que quando começamos a realizar sua implementação temos em mente que podemos utilizar uma de suas maiores sacadas que são suas propriedades de configuração, que são demonstradas através de um painel lateral. Sim, é uma necessidade de implementação, pois o usuário final irá utilizar esse painel lateral para fazer as configurações necessárias que atendem as suas necessidades e sejam replicadas na Web Part.

A Microsoft entende bem de controles, desde o ASP Clássico. E a equipe de desenvolvimento do SharePoint Framework não deixou essa facilidade escapar, trazendo um conjunto de controles padrões, tais como caixa de texto, checkbox, dropdows, slices e outros, porém podemos também construir os nossos próprios controles e utilizar.

Após estas questões levantadas, vamos pensar no nosso painel de propriedades e suas mudanças:

Talvez a primeira questão é entender que o novo formato de propriedades de uma WebPart, por padrão,  as “mudanças” são aplicadas em tempo real e essa abordagem ficou conhecido como painel de propriedades “reativa” – não é mais necessário clicar em “Salvar”, “OK”, “Aplicar” só para ver uma mudança. Vamos pegar o exemplo de uma propriedade de uma web part e mudar a sua descrição – se um usuário realiza a edição em uma caixa de texto, será observado que a mudança foi aplicada, ou seja, atualizada dinamicamente na medida que o usuário digita.

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Vamos ao Código

Neste post vamos nos focar no “HelloWorldWebPart.TS”, como discutimos a extensão .ts significa que é um código em TypeScript, então não irei focar em detalhes desta linguagem e sim as questões ligadas ao SharePoint Framework. Começamos então por conhecer algumas das propriedades de configuração de nossa WebPart

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Abaixo o primeiro trecho de nosso código contido no arquivo HelloWorld.ts da nossa web part:

import {
  BaseClientSideWebPart,
  IPropertyPaneSettings,
  IWebPartContext,
  PropertyPaneTextField
} from '@microsoft/sp-client-preview';

import styles from './HelloWorld.module.scss';
import * as strings from 'helloWorldStrings';
import { IHelloWorldWebPartProps } from './IHelloWorldWebPartProps';

O que percebemos no primeiro trecho é que aqui realizamos os principais imports, como o BaseClientSideWebPart, algumas interfaces, uma propriedade chamada de PropertyPaneTextField, os estilos, um arquivo de strings (resources) e a interface que contém as propriedades de nossa webpart, ou seja, o que será refletido em sua implementação. Isso me chama bastante atenção, pois agora temos códigos próximo a abordagem de Orientação Objeto, graças ao TypeScript, ou seja, não sou um expert em JavaScript, mas não sei se é tão intuitivo fazer Interfaces em JavaScript assim como é em TypeScript.

O BaseClientSideWebPart permite que eu crie uma classe que através de sua herança nos possibilita a ter funções necessárias para construir de fato a webpart.
Não foge do mesmo que era feito no C#, onde as Custom WebParts herdavam de WebPart e assim adicionávamos as propriedades e seus devidos controles e assim era renderizada em uma Zone WebPart.
Percebi que com a ClientSideWebPart podemos fazer o mesmo, porém de forma mais visual, dinâmica e elegante. E isso através do método render(). 

Abaixo mais um trecho de código que mostra como é renderizada a HelloWorld Web Part:

export default class HelloWorldWebPart extends BaseClientSideWebPart {
  public constructor(context: IWebPartContext) {
    super(context);
  }
public render(): void {
 this.domElement.innerHTML = `
     <div class="${styles.helloWorld}">
      <div class="${styles.container}">
       <div class="ms-Grid-row ms-bgColor-themeDark ms-fontColor-white ${styles.row}">
        <div class="ms-Grid-col ms-u-lg10 ms-u-xl8 ms-u-xlPush2 ms-u-lgPush1">
         <span class="ms-font-xl ms-fontColor-white">${this.properties.titulo}</span>
         <p class="ms-font-l ms-fontColor-white">Customizando a experiência do usuário usando Web Parts</p>
         <p class="ms-font-l ms-fontColor-white">${this.properties.description}</p>
         <a href="https://github.com/SharePoint/sp-dev-docs/wiki" class="ms-Button ${styles.button}">
          <span class="ms-Button-label">Learn</span>
         </a>
        </div>
       </div>
      </div>
     </div>`;
 }

Legal, temos então uma escrita de elementos HTML e inseridas algumas propriedades, como a ${this.properties.titulo} na linha 11. Parece bem simples, quando um valor é inserido na propriedade “titulo” o valor irá refletir neste elemento. Então agora vamos para onde e como alterar essas propriedades? Através do painel de propriedades de nossa WebPart.

Abaixo a função que é responsável por realizar a construção desse painel e construir os controles de configuração:

protected get propertyPaneSettings(): IPropertyPaneSettings {
    return {
      pages: [
        {
          header: {
            description: strings.PropertyPaneDescription
          },
          groups: [
            {
              groupName: strings.BasicGroupName,
              groupFields: [
              PropertyPaneTextField('titulo', {
                  label: strings.TitleFieldLabel
                }),
                PropertyPaneTextField('description', {
                  label: strings.DescriptionFieldLabel,
                  multiline: true
                })
              ]
            }
          ]
        }
      ]
    }

Informamos quais as propriedades estão relacionadas a essas configurações. A propriedade “titulo” e “description” são do tipo PropertyPaneTextField, que serão criados campos do tipo texto e assim podemos colocar as devidas propriedades dos campos que desejamos, no caso de “titulo” informo que o atributo label tem o valor do arquivo de strings (resources) e o campo “description” ele tem dois atributos label e multiline que este permite ser um campo de linhas múltiplas.

Vamos observar essa tal interface “IHelloWorldWebPartProps.ts”, que onde estão as propriedades a serem implementadas pela HelloWorldwebPart.

export interface IHelloWorldWebPartProps {
  description: string;
  titulo: string;
}

Abaixo a tabela de alguns atributos do componente PropertyPaneTextField:

Atributo Descrição
label Uma informação que fica ao lado campo, Ex: Nome ___________
description Uma descrição do campo, irá aparecer após.
value Valor padrão do campo
arialLabel Uma label não visível, ela praticamente é usada pelos navegadores na área de acessibilidade.
multiline Especifica se o campo aceita multiplas linhas para escrita. Esse atributo recebe true ou false.
placeholder Apresenta um texto de exemplo no campo.
resizable Especifica que o campo pode aumentar ou diminuir de tamanho

Para finalizarmos deixarei aqui outros controles para que estes sejam adicionados na web part e assim realizar as modificações necessárias. São elas: PropertyPaneCheckbox, PropertyPaneChoiceGroup, PropertyPaneDropdown, PropertyPaneSlider, PropertyPaneButton, PropertyPaneToggle.

Resumo

Neste post aprendemos um pouco mais sobre a estrutura de código que o SharePoint Framework disponibiliza, principalmente alguns conceitos e mudanças no nosso “mindset”, ou seja, uma visão mais voltada as tecnologias de Front-End, na interação do usuário e no entendimento das propriedades que farão parte das configurações da web part através do painel de propriedades. Outra questão importante é que a reflexão dessas propriedades são mais dinâmicas, ou seja, as chamadas propriedades reativas.

Referências

https://dev.office.com/sharepoint/docs/spfx/web-parts/get-started/build-a-hello-world-web-part

http://www.sharepointnutsandbolts.com/2016/09/sharepoint-framework-web-part-properties-pages-groups-controls.html

Thiago Holder

Sou um cara que abraça as oportunidades através dos desafios. Apaixonado pelo desenvolvimento de softwares baseado em Web. Tenho uma bagagem de 6 anos com a plataforma SharePoint.