Em junho é comemorado internacionalmente o mês do orgulho LGBTQIA+. O Brasil ocupa o topo do ranking de países que mais assassinam pessoas LGBTQIA+ no mundo. A segurança pública no país ignora questões de gênero e mais de 11 estados brasileiros não têm dados sobre violências sofridas por esses grupos.
Uma pesquisa feita pela consultoria Santo Caos, revela que 43% das pessoas entrevistadas dizem ter sofrido discriminação por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente corporativo. Segundo outra pesquisa, feita pela empresa de recrutamento Elancers, 38% das empresas brasileiras não contratariam pessoas LGBTQIA+ para cargos de chefia e 7% não contratariam em hipótese alguma. Por fim, segundo pesquisa feita pelo projeto “Demitindo Preconceitos”, apenas 47% dos trabalhadores LGBTQI+ falam sobre sua orientação sexual no ambiente profissional.
Pessoas e empresas podem ter impactos significativos na mudança desses números e isso começa na conscientização sobre a diversidade e onde se traça o limite entre opinião e ofensa. Pessoas LGBTQIA+, assim como todas as outras pessoas que não se identificam neste grupo, têm direito à liberdade, equidade, à palavra, à vida.
Trazemos aqui alguns pontos que consideramos importantes para refletir:
1 – Busque conhecimento:
Se você está entre as pessoas que não entendem todas as letras da sigla LGBTQIA+ ou para que serve um movimento e um dia de orgulho dedicado a esse tema, busque informação. Hoje temos acesso à diversos conteúdos pela internet que conseguem trazer luz às questões relacionadas à orientação sexual (e porque não é uma opção), identidade de gênero e todos os demais interesses relacionados a esse tópico. Se informe, o conhecimento é uma benção. Leia mais informações sobre diversidade aqui e sobre LGBTfobia aqui.
2 – Trabalhe a empatia:
A partir do momento que você consegue se colocar no lugar de outra pessoa, se imaginar ouvindo o que ela ouve, sofrendo o que ela sofre, sentindo o que ela sente, mais fácil fica entender que nenhum ser humano merece ser tratado com ódio por ser como é. A máxima do “não faça com outras pessoas o que não gostaria que fizessem com você”, é um caminho importante a seguir.
3 – Respeite:
O nosso papel principal em se tratando de inter-relações é saber respeitar as outras vidas. Seres humanos são permeados por diferenças e, a partir disso, não saber interagir de forma adequada com quem é diferente de você já se torna por si só ilógico. Nenhuma pessoa é igual a outra, seja fisicamente ou no gosto por comida, estilo, arte, música, interesses. Em nada somos exatamente iguais, e, ainda assim, uma das dificuldades mais observadas nas relações é a de saber respeitar essa diversidade.
4 – Opinião x Ofensa:
Existe uma linha muito bem traçada para alguns e quase transparente para outros entre o que é opinião e o que se torna ofensa quando falamos de outras pessoas. Começamos por falar que a partir do momento que está se falando da vida de outra pessoa, automaticamente a sua opinião é irrelevante a não ser que tenha sido solicitada. Opinião é algo pessoal, que traz sua bagagem social, vivência, crenças, preconceitos e o que mais couber e todos nós temos opiniões sobre a vida como um todo. Mas se o que você tem a dizer fere uma outra pessoa, a situação já muda de figura e entra no ponto que falamos acima – respeito. Aceitando você ou não, o que importa é que você entenda quando que emitir uma opinião não é bem-vindo e não é considerado direito à liberdade de expressão – porque você não tem, e nem deveria querer ter, domínio sobre outras pessoas e suas vidas.
5 – Seja uma pessoa aliada:
Se você chegou até aqui por ter conseguido trabalhar internamente os pontos anteriores, ótimo. Agora vamos continuar, porque o caminho da conscientização não para por aí – se é que para em algum momento. Faça valer o que falamos até aqui em todos os cenários pelos quais transita, seja ambiente de trabalho, escola, faculdade, grupo de família no WhatsApp, barzinho com amigues. Perceba as suas falas e as falas de quem interage com você e intervenha quando ouvir (ou ler) algo inapropriado. Ninguém quer ser “a pessoa chata do rolê”, a gente sabe, mas pensa que enquanto você ou pessoas que você convive fazem comentários “só de brincadeira”, milhares de pessoas LGBTQIA+ estão morrendo no mundo – e tudo começa aí. Traga informação de forma leve, educativa, interessante, mostre que pessoas são pessoas, independente de quem elas amam, de como elas se identificam e de como elas se apresentam. E, ainda mais importante, dê lugar de fala a quem tem e traz representatividade para o grupo. A sua voz apoia quem está no dia a dia da luta pelos seus direitos, então dê voz, incentive, preste atenção, compartilhe. Tenhamos em mente que a luta não é à toa e que fazer parte da resistência em um mundo atroz, é de se admirar e respeitar. Ouça aqui o nosso podcast sobre o tema.
*Artigo escrito em colaboração com Sarah Barros do Time de Design da Lambda3.
Izabela Oliveira
Carioca que de carioca mesmo só tem o sotaque, vegana, mãe de 5 gatos e pensadora. Apaixonada por aprender coisas novas, entender como tudo funciona (inclusive a cabeça do ser humano) e nem sempre saber o que fazer com tanta informação nova. Formada em psicologia, mas abraçada pela área de Comunicação, faço parte do Time de Marketing da Lambda3 com foco em conteúdo, marca empregadora e diversidade.