Os investimentos em nuvem seguem em crescimento. E este fator pode trazer oportunidades para negócios em diferentes setores e nichos. Segundo o Gartner, mais de US$1,3 trilhão em gastos corporativos com TI devem acontecer em 2022 com a mudança para a nuvem, podendo chegar a US$1,8 trilhão em 2025.

Nesta linha, os microsserviços também ganham espaço proporcionando maior relevância nas empresas. Este tipo de arquitetura se tornará mais usual nos próximos anos, pois permitirá o aproveitamento de mais recursos da nuvem, além de uma escalabilidade maior e mais fácil.

Entre os diversos segmentos em que os microsserviços se destacam, o financeiro pode ser considerado um dos mais comuns. Se forem levados em conta somente as instituições financeiras tradicionais, aquelas que compõem o bloco com os cinco maiores bancos do país, o lucro somado no primeiro trimestre foi de R$27,6 bilhões – com boa parte deste valor adquirido com ofertas e prestação de serviços.

Imagine, por exemplo, o negócio das instituições financeiras, que demanda aplicações profundamente integradas entre si. Faz sentido expor funcionalidades internas como APIs que podem ser chamadas por outras aplicações, algo que já vemos como tendência desde quando começamos a falar de SOA (Service Oriented Architecture), há mais de dez anos. A evolução para microsserviços acontece naturalmente, permitindo que funcionalidades compartilhadas do negócio evoluam e escalem independentemente, o que é mais difícil quando temos uma grande aplicação monolítica.

 Ao falar sobre as principais vantagens dos microsserviços, é possível definir que as empresas podem projetar, implementar, controlar e ajustar cada microsserviço de forma mais conectada ao negócio. Desde a concepção, onde a funcionalidade é pensada com um fim de negócio em mente, até na operação final, onde se pode escalar, acompanhar e identificar problemas de maneira mais granular. Já para o consumidor final, os benefícios se traduzem em aplicações mais responsivas, rápidas e agradáveis.

É, também, por este motivo que a arquitetura de microsserviços tem se tornado cada vez mais relevante. Em uma comparação com a aplicação monolítica, onde todos esses “itens” estariam em um mesmo lugar, a vantagem dos microsserviços é a possibilidade de fazer com que os containers separem essas etapas, sem a necessidade de começar um projeto do zero – isso é viável por conta das funções reutilizáveis.

 

Modo de operação e impactos

Para utilizar microsserviços é necessário pensar em skill, disciplina e uma cultura de DevOps. Ao usar o exemplo do e-commerce, é interessante supor que a plataforma não detecte problemas. Se isso acontecer, não será necessário parar o sistema inteiro para fazer uma atualização, pois tudo está descentralizado. Isso reflete não somente nos times que trabalham para assegurar a qualidade da tecnologia oferecida, mas também no usuário final, que está prestes a concluir a sua compra. No entanto, o cenário seria diferente em se tratando de sistemas monolíticos, uma vez que as atualizações e correções poderiam tirar o sistema do ar. Além disso, sem uma cultura de DevOps e automatização, realizar esse tipo de procedimento manualmente é praticamente inviável dentro de um time tradicional de infraestrutura e tecnologia.

Entre os impactos positivos proporcionados pela arquitetura de microsserviços, estão – além do já citado ganho em escalabilidade -, performance, modernização, custo, volume e expansão do negócio. Além disso, ela consegue viabilizar múltiplos times trabalhando no sistema, reduzindo a dependência de times muito grandes, otimizando as organizações das equipes e do atendimento do negócio, dando assim, mais liberdade na maneira como as companhias de tecnologia escalam.

Assim como no mercado financeiro, onde os microsserviços já são realidade, outros segmentos devem passar a voltar suas atenções a essa arquitetura.

Quando essa realidade se tornar rotina para a competitividade mercadológica e para a vida do consumidor, é possível que partiremos para um caminho sem volta nos mais variados setores. Se uma organização visa a atuação em um universo extremamente competitivo e de crescimento exponencial, é imprescindível que ela enxergue uma arquitetura de microsserviços como alternativa viável para o apoio à transformação do seu negócio.

Giovanni Bassi

Arquiteto e desenvolvedor, agilista, escalador, provocador. É fundador e CSA da Lambda3. Programa porque gosta. Acredita que pessoas autogerenciadas funcionam melhor e por acreditar que heterarquia é mais eficiente que hierarquia. Foi reconhecido Microsoft MVP há mais de dez anos, dos mais de vinte que atua no mercado. Já palestrou sobre .NET, Rust, microsserviços, JavaScript, TypeScript, Ruby, Node.js, Frontend e Backend, Agile, etc, no Brasil, e no exterior. Liderou grupos de usuários em assuntos como arquitetura de software, Docker, e .NET.